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Bahia volta a ser capital
HARRY LAUS. Caderno B - Jornal do Brasil, 3ª feira, 27-12-66
Salvador – Tendo perdido sua posição de Capital política do Brasil. A Bahia assume o lugar de Capital das Artes, pela realização da I Bienal de Artes Plásticas. Com efeito, a Bienal baiana é a maior exposição de arte brasileira jamais realizada no País, mesmo considerando a Bienal de S. Paulo, cuja indiscutível importância prende-se muito mais às representações estrangeiras. A Bahia coseguiu reunir 162 obras e 79 artistas de S. Paulo, 234 trabalhos de 98 autores da Guanabara, 221 obras de 105 artistas baianos, mais de 138 criações de 60 artistas dos demais Estados, num total de 755 obras de arte de 342 artistas de todo o País. Some-se a isto a representação especial de 22 artistas consagrados do Rio, de S. Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e da própria Bahia,
mais as salas de homenagens, e teremos um total muito
superior a um milheiro de obras que refletem o poder criador do artista brasileiro, dentro das normas de manifestação da arte moderna.
Para o plano estadual, encontramos a escultura de Mário Cravo Neto, de sentido erudito, sendo que no setor da escultura afro-brasileira lembramos os nomes de Manuel Bonfim e Vivaldo dos Santos. Entre os artistas dos diversos Estados, destacamos Efísio Putzolu, com trabalhos totalmente brancos; Maurício Salgueiro com uma representação de peso, agressivo e atual; Caciporé Torres, repetindo uma temática já conhecida, e Lourdes Cedran com suas caixas de grande conteúdo dramático.