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Mauricio Salgueiro – 40 anos de Urbis – 2014
Ruídos, mecanismos, luz e movimento: todos estes elementos são integrais a obra de Mauricio Salgueiro, que ao longo dos anos debruçou-se sobre a experiência do urbano pelo homem contemporâneo. Capixaba, radicado no Rio de Janeiro desde a infância, Salgueiro completou recentemente sessenta anos de trajetória como artista plástico. Em comemoração a esta data a exposição “40 anos de Urbis” traz ao Palácio Gustavo Capanema um conjunto de obras que sintetizam toda uma gama sensorial e subjetiva de vivências na metrópole.
A exposição lança um olhar especial sobre treze obras pertencentes à Série Urbis. Criadas em diferentes momentos históricos, dos anos 1960 até os dias atuais, estas máquinas-esculturas ilustram e sofrem junto ao público as angústias inescapáveis da modernidade. Conectadas pela forte inspiração do cenário urbano, a série reflete movimentos sociais, políticos e estéticos da sociedade. Nela, subjetividades se concretizam através de inovadoras possibilidades estéticas como os sons do trânsito, construções metálicas, motores em funcionamento e líquidos que remetem a fluídos biológicos. As imagens, barulhos e sensações provocadas por estes elementos reunidos nas obras selecionadas trazem questões que se mantêm atuais, mesmo nos dias de hoje.
Agrupando estas obras em uma exposição inédita, busca-se ainda compartilhar com novas gerações a importância de Salgueiro como um dos pioneiros da arte cinética e tecnológica no Brasil. Dentre os primeiros no mundo a utilizar luz e som em obras de arte, Salgueiro constrói suas esculturas com botões de ligar e desligar para potencializar a interação com o expectador, pois, como máquinas que são se completam quando manuseadas pelo humano.
Este século testemunha a vertiginosa automação de nossa sociedade e a sobreposição da função aos demais significados. Há sessenta anos, a obra de Salgueiro desafia este paradigma, suas invenções não possuem um significado aparente e nesta pergunta reside precisamente sua razão de ser.
Mauricio Saules Salgueiro
Noises, clogs, and movement are all integral to Mauricio Salgueiro’s work. Salgueiro has spent years exploring the idea of the contemporary man experiencing the urban environment. Salgueiro has lived in Rio de Janeiro for most of his life, after being born in the state of Espirito Santo. His career spans 60 years and, to celebrate, the exhibit ’40 Years of Urbis brings to the Gustavo Capanema Palace a series of works that summarize a whole subjective and sensorial spectrum of urban life.
The exhibit sheds special light on 13 pieces from the Urbis series. Created at different times, from the 1960s to the present day, these machine-sculptures exemplify to the audiences, as well as experience with them, the inexorable anguishes of modern life. The series, wich is connected by a strong sense what urban life represents, reflects social, political and aesthetic movements experienced throughout the years. In these pieces, immaterial qualities are made real by the sounds of traffic, by metal structures, by running engines, and by the usage of liquids that reminds us of biological fluids. The images, sounds and sensations evoked by these pieces are still relevant in today’s world.
This never-before-seen exhibit will confirm to new generations the importance of Salgueiro as a pioneer artist in kinetic and technological arts in Brazil. A worldwide trailblazer in the usage of light and sound in art installations, Salgueiro has built his pieces with on and off switches, to maximize audience participation. These pieces are also machines and, as such, can only be fully appreciated when handled by human beings.
This was the century of brealneck speed for our society – both when it came to automatic and imposition of function above all else. For 60 years the work of Mauricio Salgueiro defies this model. His inventions don’t have a clean-cut meaning. Instead, they have a higher purpose: raising questions.
Mauricio Saules Salgueiro