- Textos
Exposição Individual no Museu de Arte Moderna do RJ – 1966
Clarival do Prado Valladares - Catálogo
“Seus trabalhos acham-se unidos por uma reflexão estética e ética bem timbrada, tanto em relação à problemática orientadora quanto à temática assumida. Maurício Salgueiro filia-se aos escultores coletâneos que levantam da sucata de uma era mecanicista e dramaticamente materialista o assim chamado lixo da civilização (resto e partes de máquinas, ferramentas desgastadas, fragmentos de instrumentos etc.) – com o que reconstrói o humanismo e a sua espiritualidade. Repare-se, nesses trabalhos, como as partes compositivas continuam identificáveis em suas respectivas definições, como essas unidades se levantam de uma realidade empírica para atingir uma realidade estética. Outros escultores usam de sucata a serviço de uma construção abstracionista,
lírica, anulando a veracidade e o teor humanístico dos objetos, para entregá-los à porta mais modesta, senão anódina, da estética, que é a função decorativa. Não se tratando, pois, de um processo narrativo, não se comprometendo a um texto discursivo, essas figuras exercem sobre o observador um poderoso e iniludível impacto, uma visão direta e imediata do conflito entre materialização e espiritualização, facultando entretanto, a esse mesmo observador, suceder à primeira e brutal visão por uma série de percepções inerentes da qualidade plástica do procedimento artesanal e dos demais valores como escultura.”